Diário de bordo – TCC represa do Guarapiranga – parte 1

29 06 2009

Foto por Camila Pastorelli

17 de junho de 2009

“Tem gente que mora aqui e nunca foi para o centro”. Depois de um percurso de quase duas horas que teve início na rua da Consolação, no centro da capital paulista, chegou até o Terminal Santo Amaro, e passava pela estrada do Rivieira, na zona Sul, a conversa entre os passageiros da lotação 6028 – Rivieira mostrava que a questão da moradia não era apenas de meu interesse.

A senhora de fala alta e despojada, com o filho ainda criança, comenta com o homem sentado ao seu lado, sobre como está difícil e caro encontrar casas para alugar por ali e diz também que só sai do bairro se for para morar no centro da cidade ou voltar para o norte – só que nesse caso, não o da cidade, mas o do país.

O caminho que o ônibus percorre até a região da represa do Guarapiranga – cerca de 30 quilômetros da zona central -, mostra as diversidades de uma cidade que não é apenas uma, e sim várias. O quase silêncio que reina entre os passageiros da avenida Paulista, concentrados em seu próprio livro, sono ou música no fone de ouvido muda a medida que o circular roda pelos emaranhados de asfalto a perder de vista.

O ar vai ficando mais puro e o cheiro do vento, antes ora com toques de fumaça , ora esgoto, fica mais gostoso de ser sentido. Da mesma forma, as pessoas, já sem os fones de ouvido, conversam e riem entre si. A pequena lotação transporta quase sempre conhecidos – vizinhos, talvez – que cumprimentam a cobradora e falam para ela passar o recado, “Pede para a sua mãe me ligar… quero ver se desocuparam a casa mesmo, porque o Cláudio tá querendo alugar.”

Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo. Sim, porque eu ainda quero o meu diploma.





Quinta insana.

26 06 2009

Foto por: Camila Pastorelli
Dia mais estranho esse ontem. Não ir trabalhar em plena quinta-feira, visitar uma senhora de 92 anos de idade, passar na avenida Paulista e entrar numa festa junina dentro de um casarão… Ok, isso merece uma explicação.

Essa cidade é muito engraçada mesmo: pegam um tremendo de um casarão antigo, lindo e começam a fazer uma aparente reforma. Eis que um belo dia descobre-se que a reforma é para uma festa junina. Até aí, bacana. As bolinhas de sabão são convidativas, assim como os enfeites de São João – ou São Pedro, não sou boa com rostos…

Ao entrar, descubro que os únicos elementos que fazem daquele evento uma festa junina, são a música sertaneja/caipira, as bandeirinhas e o quentão e o vinho quente vendidos em um canto qualquer. A grande sacada do negócio é abrigar as mais diferentes variedades dos “camelôs descolados”, que vendem roupas descoladas e objetos mais descolados ainda. Coisa fina e descolada, você precisa ver. Como não estava interessada em nada que estavam oferecendo… Quer dizer, mentira. Até me empolguei com o quentão, mas achei que não valia os dois reais e cinqüenta centavos que pediam. Pode chamar de mão de vaca, nem ligo.

Sai de lá, tentei tirar algumas fotos das bolinhas de sabão, do casarão e da bonita luz da avenida, mas nada com muito sucesso. Me lembrei que era uma quinta-feira e que o ingresso do Espaço Unibanco de Cinema fica a dois reais e cinqüenta para eu e você, caro estudante. Feito. Troquei meu vale-quentão por um vale-filme. Tá certo que estava sem minha carteirinha de estudante, então paguei cinco reais no ingresso, mas tá dentro.

Fui em busca do “Garapa”, filme do José-Tropa-de-Elite-Padilha, mas não estava em cartaz. Já saiu ou ainda nem entrou? Fazia tanto tempo que não ia ao cinema, que nem lembro o último filme a que assisti. Enfim, acabei optando pelo “Simonal – ninguém sabe o duro que dei”. A escolha foi boa, esse cara realmente tinha uma voz fantástica, sem fazer esforço algum. Essa coisa de dom parece que existe mesmo.

Provavelmente, se ele fosse da minha geração, eu não iria muito com o seu jeitão carioca e cafajeste de ser. Isso me irrita um pouco. O Simonal está para a malandragem brasilo-carioca, assim como os irmãos Gallagher (Oasis) estão para a arrogância britânica. Entretanto, ele fazendo o público do seu programa na TV cantar “Meu limão, meu limoeiro”, sem champignon, como ele dizia, é impagável. Agora, se ele foi ou não foi informante do DOPS, durante o período da ditadura, é realmente irrelevante. Acredito que ele tenha errado feio ao acusar o contador de roubo e o ter enviado para uma delegacia, onde foi bastante agredido. A cagada toda foi essa. O ostracismo prolongado da mídia foi um tanto exagerado. Uma coisa é dar um gelo para que a arrogância de alguém diminua, outra, muito diferente, é deixá-lo afundar sua vida por causa disso. E foi o que ele fez… depois de muita bebida e muita depressão, morreu em 2000.

Comecei falando que o dia foi estranho, mas ainda não terminei. Ainda na sala de cinema, recebo a seguinte mensagem, da minha amiga: “O Michael Jackson morreuuuuu! Tô em choque” Como assim? Taí o tipo de coisa que eu não imaginava mesmo que fosse acontecer. Pois é, a gente esquece que todo mundo pode morrer um dia. Qualquer dia. Qualquer um.

E não é que deu uma tremenda vontade de ouvir Jacksons Five?





Jornal sem jornalista.

19 06 2009

O curso de jornalismo chegou a um estado tão ruim, que fez com que as pessoas passassem a acreditar que ele já não é mais necessário para a profissão. Pois foi isso mesmo que se discutiu: a necessidade ou não do curso de jornalismo, e não a de um simples diploma. Diploma é apenas o pedaço de papel que somos autorizados a segurar depois de quatro – para alguns mais – anos de universidade. E olha só que surpresa! O problema está onde? Na educação. Ela de novo.
Esquecemos – e me incluo nessa – de qual é a postura de um profissional de jornalismo. Esquecemos que não é só saber escrever bem e ler muitos livros; esquecemos que não é só ouvir os dois lados da história; esquecemos que não é só traduzir os jargões dos especialistas; esquecemos que não é só alimentar o ego ao ler nosso nome acima de um texto. É tudo isso junto, e mais a responsabilidade com a informação que você tem na mão.
E na faculdade não lembramos dessas coisas. Por isso, fazemos com que quem está de fora pense que, com faculdade ou sem faculdade, o profissional é o mesmo. Não é.
Até ontem, era muito fácil ser um jornalista medíocre. Tão fácil, que muitas vezes nós somos. Hoje, a situação ficou um pouco pior. Que pena.





Junho, Julho, …

12 06 2009

Os meses irmãos chegaram e é hora de colocar a mão na masssa. De novo.
Muito trabalho, muita gastrite, mas muita risada e muita quadrilha também.

Talvez não escreva com tanta frquência por aqui nas próximas semanas, mas é por um bom motivo. Prometo.

Enquanto isso, vocês podem me encontrar por aqui, direto do mundo rural, ou aqui mesmo, no bom e velho hobby.

Até uma próxima.

=)