17 de junho de 2009
“Tem gente que mora aqui e nunca foi para o centro”. Depois de um percurso de quase duas horas que teve início na rua da Consolação, no centro da capital paulista, chegou até o Terminal Santo Amaro, e passava pela estrada do Rivieira, na zona Sul, a conversa entre os passageiros da lotação 6028 – Rivieira mostrava que a questão da moradia não era apenas de meu interesse.
A senhora de fala alta e despojada, com o filho ainda criança, comenta com o homem sentado ao seu lado, sobre como está difícil e caro encontrar casas para alugar por ali e diz também que só sai do bairro se for para morar no centro da cidade ou voltar para o norte – só que nesse caso, não o da cidade, mas o do país.
O caminho que o ônibus percorre até a região da represa do Guarapiranga – cerca de 30 quilômetros da zona central -, mostra as diversidades de uma cidade que não é apenas uma, e sim várias. O quase silêncio que reina entre os passageiros da avenida Paulista, concentrados em seu próprio livro, sono ou música no fone de ouvido muda a medida que o circular roda pelos emaranhados de asfalto a perder de vista.
O ar vai ficando mais puro e o cheiro do vento, antes ora com toques de fumaça , ora esgoto, fica mais gostoso de ser sentido. Da mesma forma, as pessoas, já sem os fones de ouvido, conversam e riem entre si. A pequena lotação transporta quase sempre conhecidos – vizinhos, talvez – que cumprimentam a cobradora e falam para ela passar o recado, “Pede para a sua mãe me ligar… quero ver se desocuparam a casa mesmo, porque o Cláudio tá querendo alugar.”
Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo. Sim, porque eu ainda quero o meu diploma.