Para conhecer Machu Picchu – parte 1

17 06 2012

Depois da noite anterior, na qual tivemos mais informações de como seria o passeio, o dia 11 de janeiro começou promissor. Logo às nove da manhã o grupo que iria para Ollantaytambo se reuniu na recepção do hostel Loki, em Cusco, e pegou o carro, uma espécie de van pequena, em direção ao povoado de onde sai o trem para Aguas Calientes.

Duas horas de viagem depois, já de conversa com os outros brasileiros do grupo – entre um tapa de fusca azul e outro – chegamos ao local onde eu já havia estado alguns dias antes. Em Ollantaytambo, há um dos sítios arqueológicos do Valle Sagrado e é passeio certo, quando você está em Cusco (leia mais aqui).

Vista de Ollantaytambo

Nós tínhamos cerca de duas horas até pegarmos o trem que nos levaria até Aguas Calientes, última parada antes de Machu Picchu. O jeito era, então, conhecer um pouco mais da cidade, que é bem pequena e basta uma hora para rodá-la. O pessoal do hostel havia comentado que poderíamos subir um pequeno monte, cerca de 20 minutos, onde a vista era muito bonita. Fomos então, nós, os brasileiros, mais um alemão que estava no grupo, para ver Ollantaytambo de cima. Eu já parei no meio do caminho, o joelho ainda estava ruim e queria guardar forças para MP. Esperei o pessoal voltar e fomos almoçar.

Almoço em Ollantaytambo antes do trem

Macarronada tradicional

O restaurante era bem familiar e a comida uma delícia! Pedi uma macarronada que há tempos não comia, acompanhada de uma tradicional cerveja Cusqueña. Nos apressamos para ir em direção à estação de trem – algo em torno de 10 minutos andando.


Com os bilhetes já comprados, fomos logo nos acomodando no trem – coisa finíssima. Comparado ao contexto latino-americano, ele é caro e para isso te dá uma impressão que está indo a algum país europeu (para o trajeto de ida e volta, o valor saiu por cerca 80 dólares). Não sei se precisava de tudo isso, mas enfim, querendo ou não é a única maneira de ir até Aguas Calientes. (Até há formas mais alternativas, como descobri depois, mas é BEM mais complicado).

Mapa dentro do trem Peru Rail

Peru Trail a caminho de Aguas Calientes

Fiquei toda animada com o serviço de bordo servindo café, mas a decepção veio logo depois com a bebida era fraca e morna. Delícia! Decidi ficar só nas fotos mesmo. A vista é incrível, passamos ao lado de rios e plantações de milho, entre outras. O passeio dura cerca de 1h45. Como combinado com o hostel de Cusco, uma pessoa estaria nos esperando na estação para nos levar até o hostel, a hospedaje Jairito. Tudo nos conformes!

Hospedaje Jairito

A hospedagem era bem simples, com um restaurante embaixo. Dividimos os quartos entre homens e mulheres e fomos explorar a pequeniníssima Aguas Calientes. O povoado se resume em subidas e descidas cercadas por hostels, hotéis, restaurantes, pequenos comércios e bares. Mais turístico impossível. Alguém comentou dos banhos termais, que como diz o nome do povoado, havia ali algo de águas quentes. Não me lembro quanto paguei, se foram 10 ou 15 soles, só sei que não valeu a pena. Os banhos são em pequenas piscinas, com uma água que cheira um pouco mal. Acabei nem me empolgando para entrar, então logo voltei para o “centrinho”.

Banhos Termais

A noite veio e ficamos ali no restaurante, entre uma porção de choclo com queijo e outra de pão com alho, até finalizar com uma pizza no forno à lenha da Hospedaje Jairito. Foi bem bacana! (Ah, para passar o dia em Machu Picchu, lembre de comprar todas as comidas e bebidas que precisa em Cusco, pois ali a inflação turística é impressionante. Acabei comprando alguns lanchinhos por ali, e me ferrei, além de ter pago a água mais cara da viagem – pechincha não existe em Aguas Calientes).

Por volta das oito da noite, chegou o guia que iria nos acompanhar no dia seguinte por Machu Picchu. Ele era bem baixinho e aparentemente sério, mas logo soltou algumas frases em português e se mostrou um cara muito bacana. Ele era recém-formado em Turismo, e adorava o “trampo” dele, como dizia. O tour com ele duraria cerca de duas horas, depois estaríamos livres para rodar por lá, até o horário de voltar. Quem tivesse pago a entrada para subir a Huayna Picchu (meu caso), também poderia subir depois do tour.

Hotéis e restaurantes

Para você que vai para Machu Picchu sozinho, sem uma agência, lembre-se de comprar a entrada para o parque de Machu Picchu com antecedência, pois na hora pode não haver. E caso queria subir a Huayna Picchu, também tem que comprar antes (US$9). Antigamente, era só chegar cedo e ficar na fila para subir nos dois horários disponíveis por dia, mas hoje você deve pagar antes. Só para constar, todo o passeio com a agência do hostel Loki, de Cusco, saiu por US$195, um valor bem OK, para quem não quer se perder ou ter dor de cabeça para buscar os transportes e as hospedagens por conta.

Praça de Aguas Calientes

Fui dormir super ansiosa. Imagine só, depois de tanto planejamento, tantas possibilidades, tantas fotos já vistas e leituras em blogs e guias, eu finalmente ia ficar cara a cara com Machu Picchu! Quase não dormi direito. Bom, na verdade, não dormi mesmo, tive cólica no meio da noite, meu joelho ainda dava umas fisgadas e ainda de madrugada, ouvi um barulho forte de chuva. Pronto, a única oportunidade de ver uma das novas maravilhas do mundo, e essa era a situação.

Rezei para os meus santos e para todos os deuses incas que havia conhecido nos últimos dias – eu estava apelando geral. Acordamos cedinho, às seis da manhã. Peguei um remédio para cólica com a outra brasileira da viagem (a minha farmacinha havia ficado em Cusco), passei mais cataflan no meu joelho e enfaixei. Ainda chovia, mas era uma garoa mais fina. O dono da pousada garantiu que quando chegássemos lá em MP, o dia já estaria melhor. Nós, por precaução, já compramos uma das capas de chuva que ele vendia por ali mesmo. Tomamos o café da manhã e logo estávamos na fila para o ônibus que vai até a entrada do parque. São mais U$9 na ida e US$9 na volta para o ônibus (você pode ir a pé e não pagar nada, ok?). O caminho é uma rápida serrinha em zigue-zague, que leva meia-hora. A neblina estava forte e a garoa, diminuindo.

Pronto. Ali estava eu, na entrada do parque, quase não acreditando. Esse era um dos pontos altos da viagem e eu estava muito feliz. Encontramos nosso guia, com sua bandeirinha roxa – “mas não igual àquela dos gays da Paulista, lá de São Paulo”, dizia ele, na brincadeira.

“Vamos começar?”. E assim entramos no Santuário Histórico de Machu Picchu.