Pessoas gostam de ouvir histórias de outras pessoas.
Esse é um sentimento quase que universal, e ouvimos bastante na faculdade que, ao escrever uma matéria, você deve se focar nas pessoas e em o que elas estão falando.
Foi em função de um trabalho na mesma faculdade, que não sei porque-raios me lembrei do site Museu da Pessoa. Até já havia ouvido falar sobre a proposta, mas nunca tinha ido mais a fundo para saber exatamente o que o pessoal de lá faz. Bom, agora que já dei uma boa navegada pelo portal, posso dizer que me encantei.
A idéia é simples: Deixar um canal aberto para que qualquer pessoa conte a sua história. E para isso há diversas formas: áudio, texto, fotos e vídeo. Sim, você pode marcar um horário com o Museu e agendar o seu depoimento. Será feita uma entrevista com dois pesquisadores, e a partir daí é só começar a falar. Ao final, você ganha um dvd com o seu relato e parte da entrevista é colocada no site, como foi a da Dona Neuza, que eu encontrei aqui no Youtube – mas também tem na página deles.
Devo confessar que me senti tentada a marcar um horário no Museu, sabia? Na verdade, pensei primeiro em falar para o meu pai ir contar um pouco da história dele, da família – ele gosta bastante dessas coisas. Mas acho que vou acabar indo junto – e acho que você devia pensar no assunto também, por que não?
Contar histórias não chega a ser uma arte, talvez a arte esteja em saber ouvir e se encantar com elas. Acredito que uma iniciativa como essa ajuda a quebrar certas distorções que o nosso mundinho-sem-pé-nem-cabeça criou e que hoje ataca com mais força do que nunca: a banalização do homem. É aquele papo, que já comentei aqui, que uma morte não incomoda mais, só acima as acimas de cem, quinhentos,…. Talvez se a gente se preocupasse em conhecer mais a vida da outra pessoa, ela não parecesse tão massa-disforme do nosso lado.
Se tiver um tempinho, passe pelo site e ouça, veja ou leia algumas histórias, como a da Suely Montenegro, que nasceu em São Paulo, em 1954, e fabricava seus próprios brinquedos com barro, madeira e mato: “Fazíamos panelinhas, mesas, cadeiras e tantas coisas que hoje penso como deve ser sem graça pegar os brinquedos prontos e não inventar nada. Creio que seja por isso que hoje as crianças ficam tanto tempo no computador.”
Para saber mais do projeto Museu da Pessoa, vale à pena conferir o artigo da Karen Worcman.