Aventuras na Catalunha – parte 2

12 09 2010

Depois de rodar pelas pequenas cidades catalãs, chegamos na famosa Barcelona, com cerca de 1,6 milhões de habitantes, mundialmente, conhecida por ser a terra do arquiteto modernista Antoni Gaudí (1852-1926).

O hostel escolhido, Palau Albergue, parecia não estar no mapa. Demoramos horrores para encontrá-lo entre as pequenas ruas do bairro gótico. Quando finalmente achamos o tal do hostel, veio a decepção. De “palácio”, o lugar só tinha o nome. E para quem tinha acabado de sair de um dos melhores albergues da Espanha, foi um grande choque. Quartos mal cuidados e café da manhã fraquíssimo – nem tinha pão! Só umas bolachinhas. Enfim, uma mudança brusca de acomodação, mas paciência.

Depois de nos instalarmos, fomos dar uma volta pelos barzinhos bacanas, conhecer um pouco da cidade, essas coisas. Logo de cara, na primeira parada, encontramos uma brasileira muito simpática, de Minas Gerais. Ficamos conversando um bom tempo com ela, até conhecer sua vontade de viajar para Pindamonhangaba (!). Jamais pensaria ouvir uma dessas tão longe de casa. Emocionante. Pinda vai dominar o mundo, eu sempre soube.

A manhã seguinte foi dedicada a conhecer a Igreja da Sagrada Família. Impressionante. O dia poderia estar melhor, com um solzinho, mas de qualquer maneira foi uma grande experiência. Eu só estava começando a conhecer as obras do Gaudí, mas já tinha dado para perceber que só teria boas surpresas. Fiquei com o pescoço doendo de tanto olhar para cima e tentar encontrar todos os detalhes e apreciar as cores do lugar. Em seus trabalhos, o arquiteto sempre tentou integrar elementos da natureza, por isso a sensação, de estar em uma floresta ou bosque, é bem real.


A construção começou em 1882 e continua até hoje; há quem diga que termine em 2020 ou 2000-e-nunca. Os estudos da arquitetura, feitos por Gaudí, são seguidos à risca, e o próprio está enterrado no local. O curioso foi que sua morte aconteceu logo ali: foi atropelado por um bonde em frente à catedral, depois de sair distraído do trabalho que lhe tomou grande parte da vida. Seria bacana poder voltar e ver a Sagrada Família finalizada. Quem sabe, um dia. Nesse vídeo, você poderá ver como ela ficará, quando pronta.

Para almoçar, encontramos um ótimo lugar, La Vaca Paca, era um coma-à-vontade-até-estourar por E$9,50. E nossa, eu comi. Tinha até churrasco feito por brasileiros! De sobremesa, um delicioso sorvete de máquina, sem contar com o café – que também repeti horrores. Para quem estava só à base de sandubas para economizar, foi um achado. Depois ainda passamos pelo edifício La Pedrera (outra do Gaudí), aqui o que chama a atenção são as chaminés do terraço, todas muito lindas.

Tentei aproveitar para conhecer o máximo que podia nos poucos dias em que fiquei, já que há muito para se ver em Barcelona. Las Ramblas, Mercado La Boqueria, Parc La Ciutadella, Montjuic , o bairro Gótico (de dia e de noite), os bares, os outros parques, a praia (quase esqueci de passar por lá!). A impressão é que independente do tempo que você passa na cidade, sempre vai ser insuficiente para conhecer tudo. Ainda tive a sorte de presenciar diversos acontecimentos culturais pelas ruas, entre um protesto pela valorização da cultura catalã, com passeata e música, e uma comemoração da reforma de grandes bonecos centenários. Tudo isso em apenas algumas andadas.

Quero destacar dois lugares de lá que gostei bastante. O primeiro é o Parc Güell, que está localizado no morro dos morros, dos morros. Sério, é muito alto. Em determinado momento, havia até algumas escadas rolantes nas ruas para dar uma incentivada nas pessoas, naquela subida sem fim. A vista é ótima, pode-se ver quase toda Barcelona de lá. Sem contar com mais algumas outras obras de Gaudí, entre mosaicos e animais coloridos, que faziam a alegria dos turistas. A partir daquele momento, já era fã declarada do arquiteto, e até comprei um livro infantil super bacana, “Pequeña historia de Gaudí”, em uma das lojinhas locais.

Nesse parque e entre outros tantos lugares da cidade, o que mais se vê são os músicos de rua. Na verdade, ótimos músicos de rua. Com canções próprias, cdzinho para vender, guitarras, violões, violinos, trompetes, tem de tudo. A vontade era dar um trocado para todos aqueles com quem eu cruzava. E eles devem ganhar uma boa graninha, porque a quantidade de pessoas que param para apreciar era grande. Esse grupo estava no Parc Güell:

O segundo lugar que merece destaque é o Palau de la Música Catalana. A sala de espetáculos tem mais de 100 anos e foi construída em apenas três (1905-1908), graças ao arquiteto Lluís Domènech i Montaner (1850-1923). E se você parar para olhar a quantidade de detalhes dali, não tem como entender como foi tão rápido. A idéia, também modernista, era de se aproximar ao máximo da natureza. Isso explica a arquitetura que se assemelha a árvores, folhas, flores e até mesmo ao próprio Sol. O colorido todo, com a luz do dia, é muito impressionante. O espaço preza e valoriza a pluralidade musical, por isso as apresentações são bem abertas, de concertos e óperas (a inauguração contou com a presença de Strauss) até músicas mais modernas, como o nosso Gilberto Gil e Adriana Calcanhotto. Não era permitido filmar ou fotografar por dentro, uma pena. Mas dei uma procurada no youtube e achei esse vídeo, já dá para ter uma ideia.

A viagem para Barcelona foi a penúltima que fiz pela Espanha (a última foi para Toledo, cidade conhecida por ter a mistura de três culturas – católica, mulçumana e judaica). A saudade já tinha começado.


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2 responses

25 09 2010
Bruna Ferreira

Poxa, Cá, sabe o que eu não tinha pensado até ler este post? COMO VC SOBREVIVEU sem o café de todas as horas? Vai me dizer que comprou pastilhas lá tbm? rs rs

Amiga, lendo este teu post, me deu uma vontade caminhar pelos bares e bairros góticos…

28 09 2010
Simone Coelho

Vc encontrou um reduto brasileiro?? CARAMBA…Esses compatriotas estão mesmo em td lugar.rs..
Uma pena que o albergue não tenha sido tão bom, mas pelo menos o passeio valeu a pena!! E vc ainda conseguiu ver algumas manifestações populares. Demais!!

bj

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