A novidade é: Sustentáculos.

30 01 2010

Prestigiem, amigos. Coisa boa vem por aí.

http://sustentaculos.com.br/





Em que momento se deve ajudar mesmo?

20 01 2010

Os recentes – e numerosos – desastres naturais não deixam de me fazer pensar naquela história do sapo que ao entra em um recipiente com água fervendo, pula logo para fora dali; e de maneira oposta, o outro sapo que ao ser colocado em outro recipiente com água fria, que esquenta aos poucos, fica na água fervente até morrer. Não sei que raios mais é preciso ser feito para percebemos – e me incluo nessa – que o dia depois de amanhã talvez seja realmente depois de amanhã, e não daqui a 50 anos.

As enchentes em São Luís do Paraitinga, os deslizamentos de terra em Angra dos Reis, as fortes tempestades em todo o estado de São Paulo, as temperaturas mais do que baixas no hemisfério norte e as temperaturas mais do que altas no hemisfério sul fazem sim parte de um contexto único e interligado, que só não relacionam aqueles que não o querem fazê-lo. Vamos vivendo em nossas vidinhas cheias de iphones, fazendinhas, lady gagas, twitters e Starbucks e tudo vai bem até quando, um dia, quem sabe, algo acontecer. Daí quando acontecer, nós pensamos no que fazer.

Achei muito curioso, e claro, dolorosamente triste, o terremoto que devastou a cidade de Porto Príncipe, no Haiti. A parte curiosa é que se conseguiu arrecadar mais de 5 milhões de dólares em algumas semanas através de mensagens de texto pelo celular, vindas de pessoas comuns, entre outras centenas de milhões de dólares vindas de empresas e celebridades. Ou seja, o dinheiro existe, a pergunta é: quando é que se acredita ser necessário gastar com outras pessoas que não nós mesmos? A situação vivida pelos haitianos há dezenas de anos já não era suficientemente decadente e necessitada de financiamento e apoio?

A água fervendo não assusta. É a ebulição que causa a reação. Li em algum lugar que casos como esses do Haiti despertam o melhor de cada ser humano, algo como a generosidade e o amor ao próximo. Acredito nisso também, sem dúvida. Mas por que precisamos que cenas como aquelas aconteçam para deixarmos aflorar o nosso melhor?

As cenas que vi pela televisão, jornais e revistas me marcaram bastante, assim como as histórias das famílias que perderam seus parentes na virada do ano no litoral e dos moradores que perderam tudo em São Luís e no Jardim Romano, bairro da capital paulista que ficou mais de 40 dias debaixo d’água. O meu primeiro pensamento é sempre “O que eu tô fazendo aqui, se eu poderia estar lá ajudando?” Mas depois de ver algumas matérias gravadas em Porto Príncipe, pela equipe da CNN e observar capas de revistas como a da Época e da Veja (fotos iguais, diga-se de passagem), não vejo razão para ser mais um jornalista lá, relatando o que acontece, simplesmente.

Acho que não conseguiria ir para lá para relatar, entrevistar, fotografar e vir embora, impressionada com o que vi e senti, contando para os amigos e conhecidos como foram duros aqueles poucos dias com a realidade haitiana. Me parece muito pouco e um tanto quanto vanglorioso e exibicionista. Não concordo com algumas vinhetas hollywodianas de canais de televisão e comportamentos de jornalistas que vão para as ruas como se estivessem em um cenário de ficção. É tudo muito estranho. E para mim, a Veja e a Época erraram ao colocar em suas capas a foto que colocaram. Fotografar a morte como se fosse arte para impactar não é jornalismo. Ou talvez… seja mau jornalismo.
Enfim, acho que o final de ano passou e eu nem me dei conta. Tenho a impressão que não houve a conclusão de um ciclo e o início de outro. Tudo se juntou, por uma série de outros motivos, de uma maneira que as coisas estão um pouco desgastante. Espero que o sentimento passe logo. Afinal, é um ano par, é o final de um ciclo e o começo de outro na minha vida e na de tantos outros. Tenho que mudar o tópico “profissão” aí em cima da tela e começar preparar meu roteiro para os próximos meses. Que a água ferva logo e 2010 comece de uma vez.